30.12.08

Restaurante Acrópolis - Inesquecível













































Muita gente que mal me conhece vai logo me chamando de "INESquecível", acho simpático, mas pouco criativo, por motivos óbvios. Aliás, ultimamente andaria mais para "esquecível", se a palavra existisse. Ou melhor ainda, agora no presente porque é fato, ando mesmo é esquecida. Abandonada, já que a intenção deste post é ser dramática. Abandonada em Brasília, meu mais recente porto, e esquecida por todos na Cidade Marvilhosa, snif!



Agora sim, vamos ao que interessa. Sem dramas, que o relato não exige, mas com uma certa dramaticidade, se é que o leitor me entende. A dose de dramaticidade que uma refeição num restaurante chamado "Acrópolis - A Cozinha do Olimpo" pede. Porque uma vez lá dentro, prepare-se para chorar - de alegria. Vá até a janela de sonhos, vitrine dos seus desejos mais deliciosos, e escolha entre a mussaká (meu prato preferido no restaurante), a lula recheada com polvo ao vinho e risoto de frutos do mar e outros pratos igualmente maravilhosos - vá por mim, aposte na mussaká, derrete na boca. Peça uma cerveja grega amarga (Mythos) e chore, chore bastante porque você nunca terá sentido tamanha emoção. Espero que antes tenha pedido a entradinha de polvo ao vinagrete e pastinha de berinjela e de alho, além de azeitonas (gregas?) pretas e gigantes. Enquanto você come tentando enxugar as lágrimas, admire as estrelas e outras dezenas de classificações, quase todas nos topos dos rankings, que "o restaurante grego mais antigo, tradicional e conhecido de São Paulo" (http://www.restauranteacropoles.com.br/), inaugurado em 1959 no também antigo, tradicional e conhecido bairro do Bom Retiro, já mereceu. Inesquecível.


Rua da Graça, 364, Bom Retiro, São Paulo
Telefone: (11) 3223-4386

Horário: 2ª a Domingo - 06h30 à 23h30
OBS. Acrópolis é grafado com "i" na porta do lugar, e com "e" no site oficial.

21.9.08

Monique e o pão recheado

Esta espevitada Monique... me contou que andava fazendo pães em casa e sugeriu um relato para este Anastácia. Como sei que a moça escreve bem, nem pensei duas vezes. O resultado é um textinho delicioso, e uma vontade que fica de experimentar o tal pão recheado, hum... Da próxima vez, dona Monique, fotos!

"Não tenho o mesmo talento de Anastácia diante do fogão, é preciso avisar logo. Mas adoro cozinha. Me arrisco em receitas escritas e nas inventadas diante da geladeira desfalcada. Durante a adolescência cozinhei muito com a minha avó, que fazia uma comidinha gostosa toda vida, mas sem grande criatividade. Nessas sessões culinárias,, danei a fazer pães. Aprendi num livro de receitas que adquiri depois de juntar 10 embalagens de açúcar União. Hoje jamais cosneguiria. Um quilo de açúcar dura bem mais de mês lá em casa.

Sempre tive bom olho, erro bem pouco naquilo me arrisco. Pão é sorte de encontrar uma boa receita de massa. Com uma massa boa se inventa à vontade. O que eu mais gostava de fazer era um recheado de ricota com ameixa. Depois de um longo período, reabri a padaria. Sobras de uma festa, havia vários envelopinhos de fermento, uns três sacos de farinha e vários frios dando sopa. "Pão recheado!", pensei.

É claro que não lembrava da receita de cabeça, recorri ao livro de receitas da Ofélia. Nenhuma delas era a ideal, faltavam sempre alguns ingredientes que eu não desceria para comprar. Afinal, era uma receita de reaproveitamento. Ou seja: sem custos adicionais. Resolvi adaptar uma delas. Lembrei que não tinha batedeira, como recomendado no livro. Fiquei receosa, apesar de saber que não preciso de batedeira pra quase nada além das claras em neve. Que o pão, aliás, não requer.

Comecei a juntar os ingredientes: um quilo de farinha, quatro envelopinhos de fermento biológico. mais uma modernidade: era seco, ou seja, não precisaria dissolver no leite. Logo, teria de fazer novas adaptações à receita. Abri um espaço na massa, leite morno, quatro ovos batidos, 150g de manteiga. Vai, ou margarina. Sal, uma colher de açucar. Começou a lambança. Dei uma mexida com a colher de pau pra ajudar na melequeira e, sem cerimônia, meti a mão na massa.

Exige-se um certo esforço. O bom seria ter um homem para fazer o serviço. Misturei até ficar bem homogênea. Gruda um pouco. Gruda muito, aliás. Nada que desanime, entretanto. Dividi a massa em quatro partes, enfarinhei a pia e fiz bolas. Comecei a bater. Sova, sova, sova, sova. Coitado do vizinho do 306, teve de aguentar o barulho. Não é que a massa foi ficando linda, lisinha, lisinha?

Deixei descansar um tempo. O segredo, me ensinou um amigo chef doméstico que sempre consulto, é botar uma bolinha da massa num copo de água. Quando a bolinha subir, a massa terá crescido o suficiente.

Recheei os pães: muita mussarela, presunto, tomate, lombinho, tudo beeem picadinho. Aí é só usar a criatividade. O bom é caprichar no recheio pra não ficar muito seco. Nada de economia! Pincelar bem com um ovo batido (dá para os 4 pães. sim, é o ovo todo, não só a gema). Assa em uns 40 minutos, forno quente. Ah, quando se usa queijo, deve-se fechar beeem o pão pois ele pode escapar quando derreter.

Ter na dispensa:
4 saquinhos de fermento biológico em pó seco (40g)
1,5 copo de leite morno
1 colher de sopa de açúcar
150g margarina
sal, um punhadinho
6 ovos batidos
1kg de farinha de trigo dona benta
1 ovo batido para pincelar
Disposição para sovar a massa por pelo menos 20 minutos."

4.9.08

Urblog (ou como alguém nasceu para o que faz)


Pausa importante nos assuntos gastronômicos para boas-vindas a uma blogueira de responsa.
Eu e Juliana Vilas somos como unha e carne (um monte de gente vai ficar com ciúmes, mas não tô nem aí) há uns bons dez anos. Digo isso para justificar o que vou dizer, como profunda conhecedora da personalidade julianística: ela nasceu para escrever sobre pessoas, cidades, pessoas nas cidades, cidades nas pessoas. O que Juliana Pássara faz hoje, ao registrar suas impressões sobre a cidade de São Paulo e suas pessoas no Urblog (http://urblog.com.br/), é simplesmente o que ela nasceu para fazer. Começou dia desses, e ainda vai arrumar muitas coisas para fazer com o blog, a cidade e as pessoas. Em breve, espero, teremos Juliana Pássara da Selva (de Pedra) nas livrarias, bancas, televisões e onde mais ela puder entrar com suas asinhas enxeridas e suas penas cobertas por roupinhas tomara-que-caia. Eu bem que tentei fazê-la criar raízes no Rio, para ficar mais pertinho de mim, mas não deu certo. A Passarinha gosta de voar entre os prédios. É urbanófila, urbanóide, urbanóloga. E é de São Paulo que ela se alimenta.

25.8.08

Magret de canard au sauce poivre





Com a palavra, Josi Basso, a mestra sobre a qual falei no último post. Mais uma colaboração do casal mais querido do Brasil:

"Sabe aquelas degustações que você nunca imagina fazer em casa, com suas próprias mãos e habilidades culinárias nem tanto sofisticadas? Pois bem, tudo é mais simples do que se imagina quando temos amor pela arte de manusear alimentos e, principalmente, comer bem. Pois bem, este final de semana, além de produzir massas para o Pastifício Del’amore, decidimos comer um prato delicado, bem feito e, em casa:

Magret de Canard au sauce poivre
250 ml de molho poivre*
30 ml de óleo
01 peito de pato (dobramos a receita e fizemos dois peitos, afinal não é todo dia que se come peito de pato em casa)
02 colheres de sal (chá) Molho Poivre
2 colheres (sopa) de pimenta verde
50g de manteiga
1 cebola média picadinha
½ dose de conhaque (usamos uma dose da tradicional cachaça)
500 ml de demi-glacê (dá trabalho fazer, mas depois que descobre que é o segredo dos seus molhos nunca mais vai ter preguiça de elaborá-lo, principalmente porque pode fazer em grandes quantidades usufruindo quando menos planeja).

Acompanhamento
Quatro batatas médias, cortadas em rodelas médias, e cozidas ao dente.
Assim que cozidas, reserve-as em água fria. Aquecer 50 g de manteiga, escorrer bem as batatas, dourá-las na manteiga com um punhado de salsinha cortada grosseiramente. Reserve, pois o pato é muito rápido de preparar, e as batatas devem ser gratinadas enquanto prepara a ave para servir tudo ao ponto e ao mesmo tempo

Molho poivre
Aqueça a panela, derreta a manteiga até espumar, acrescente a pimenta verde (Obs. Antes de colocá-la, aperte 50% dela com o cabo de uma faca. O sabor da pimenta vai se acentuar). Aqueça bem. Jogue a pinga e flambe. Coloque o demi-glacê (de caldo de vitela). Ferva três minutos e desligue.

Preparo do Magret
Ligue o forno e deixe bastante aquecido. Faça cortes em losangulos ba gordura do pato. Cortes rasos, com a ponta de uma faca bem afiada. Tempere com sal e pimenta moída na hora. Aqueça a frigideira, depois o óleo e coloque o peito com a gordura para baixo. Frite bem até dourar e a gordura derreter, enquanto isso, você vai dourando a parte de cima jogando a gordura quente, da própria ave, até perder o tom de carne crua. Retire do fogo, coloque numa forma e deixe por 3 minutos no máximo.Corte-os em fatias bem finas, preservando a gordura (como se fosse a nossa grandiosa picanha)Disponha no prato, guarnecidas das batatas e do molho poivre.

7.8.08

Pastifício Dell'Amore



Este post é uma homenagem: a minha mestre das panelas, Josi Basso, e a seu marido, e meu melhor amigo, Felipe Pasqualini - Felipones, para os íntimos. Há poucos meses, inauguraram um um lugar, em Curitiba, que já se tornou, para mim, um clássico (no melhor estilo "nunca te vi, sempre te amei", porque eu ainda não conheço, mas já é um dos meus lugares preferidos abaixo da linha do Equador): o Pastifício Dell'Amore (http://pastificio.blogspot.com/). Felipe, o maior entusiasta e colaborador que este blog já conheceu, e Josi abrem sua própria casa para amigos e eventos fechados. Ali, neste lugar encantado, produzem massas deliciosas, a quatro mãos - enquanto entre as pernas, um gato passeia lenta e silenciosamente. (Por perto, a cachorrinha Frida, que ninguém jamais esquece). Sim, é tudo muito romântico mesmo. E o melhor: tem muita comida boa no meio desta história. E para eles, amigos verdadeiros de quem morro de saudades, dedico alguns versos simples e doces de Luiz Melodia:

Eu vou fazer, amor
Um ninho
Com amor, muito carinho
Pra você se abrigar
Eu vou lhe dar amor tão puro
Que maior amor eu juro
Você não vai encontrar
E entre nuvens de beijos
Seus desejos serão meus
Amor, vou lhe dar e é tão sincero
Que você, amor, espero
Não vai querer me deixar
E quando no fim da estrada
Minha amada
O inverno tristonho chegar
Mais amor
Eu vou ter pra lhe dar
Faça dos meus braços o seu ninho
Tenho, amor, muito carinho
E estou a lhe ofertar.

6.8.08

O piquenique da Marcelle






Piquenique! Minha amiga Marcelle trocou alguns emails com os amigos e decidiu comemorar o aniversário com um piquenique no Parque Lage - já falei aqui do Café du Lage, justamente o post que fez a querida aniversariante ter esta idéia. Desta vez, a farra seria no gramadão atrás do belíssimo casarão (que, eu também já disse aqui, serviu de cenário para "Terra em Transe", de Glauber Rocha), com champagne, comidas gostosas e crianças - quer coisa mais deliciosa que isso tudo junto? Sorte a nossa (aliás: dela, de nascer; e minha, de morar) viver nesta cidade maravilhosa - perdoem, eu babo mesmo, não resisto... são só dois anos de Rio, ainda acho certas coisas inacreditáveis... Enfim, como este punhado de amigos - e é impressionante como Marcelle só reúne gente boa - não é fraco, champagne, vinho e tal fizeram nossa alegria ainda antes do meio-dia de um domingo típico do inverno carioca, com sol, céu azul e um friozinho muito leve. Foi delicioso, gente. Vamos repetir?
E atenção para as legendas das fotos: lá em cima, um bolo lindo que chamou a atenção de todos durante boa parte da festa; o champagne, no gelo, claro; Marcelle e as crianças, pouco antes de soprar as velinhas e, abaixo, o bolo de aniversário, já bastante prejudicado; para acabar, Clara e Marina na toalha e o clima da bagunça.

24.7.08

Belmonte na Cadeg?



Meu amigo Alexandre Arruda, jornalista dos bons, é um romântico-nostálgico, como esta que vos fala. Esteve na Cadeg dia desses e não se conformou com o que viu: o fim de uma tradicional churrasqueira do tradicional point de Benfica, o tradicional bairro do Rio de Janeiro. Enfim, a onda do "mudérrrno" passa por esta cidade e não deixa pedra sobre pedra. Arrasa quarteirões, botecos, garrafas, histórias e até churrasqueiras. Por isso, meu amigo Arruda não deixou barato e escreveu as linhas indignadas que se seguem. Reproduzo com prazer e faço minhas suas palavras. Mais uma vez, obrigada pela colaboração, companheiro de romantismo e nostalgia! (Veja as fotos e compare as duas: a antiga e a nova, que até brilha. Onde já se viu boteco ter equipamento que brilha desse jeito, rapá?)

"Encostado no balcão, tentava engolir a cerveja, que rasgava a garganta. Não podia acreditar no que via. Ali, na minha frente, estava ela, imponente, reluzindo ao sol.
Faiscava como prata nova, recém-polida.

As velhas companheiras, porém, não se intimidavam. Continuavam a exercer sua função com a dignidade de quem sabe o seu valor. A brasa crepitava e corava os enormes nacos que giravam lentamente, movidos pelas antigas engrenagens expostas e sujas de graxa. Vários andares de carne suculenta que podem ser apreciados de qualquer ângulo que se olhe. Ou melhor: podiam. Porque vão aposentar as duas mais tradicionais churrasqueiras da Zona Norte: as da Cadeg, em Benfica.

No seu lugar, um caixote de metal como os que existem em restaurantes 'a quilo'. E crime dos crimes: não duvido que seja a gás. A gás!

No sábado ela já estava lá, ainda desligada (é, porque essas coisas têm até botão de 'on' e 'off').
Por via das dúvidas perguntei ao homem de balcão, como quem não quer nada: 'vão trocar?' e a resposta veio fulminante: 'uma já está até vendida'. Nem tudo está perdido, porque em algum lugar elas continuarão existindo.

É por isso, Anastácia, que mando esta carta. Para registrar o fim de uma era. Agora, quando nos reunirmos ali para a velha cerveja amiga, não teremos o espetáculo visual de outrora, nem a fumaça cheirosa que dominava o ar. Agora é tudo 'limpinho'. Qualquer dia vamos chegar lá e, em vez do boteco, vai ter uma filial do Belmonte."

16.7.08

Boteco Casual Retrô





Passear pelo centro do Rio de Janeiro é uma das das minhas atividades preferidas. Se puder andar por lá e ainda almoçar no Casual Retrô, do Chef Santos, nada mais falta para me deixar feliz por um dia inteiro. E se eu puder ainda devorar uma punheta de bacalhau (R$ 19,00), como esta da primeira foto, com o divino pão que a acompanha, posso morrer ali mesmo. É uma das melhores que já comi, garanto. Sempre indico a punheta, ops, do português-torcedor-do-Sporting Chef Joaquim Santos, para qualquer um que me perça boas dicas. Mas preste atenção: á quase um prato de alho com bacalhau, porque o danado carrega do alho - e no azeite, claro. Eu adoro. A porção só tem um problema: duas pessoas podem ficar satisfeitas ali mesmo. Depois, é preciso pedir um prato para dois, porque a punheta é a boa que satisfaz. Da última vez que estive lá, dividi um escondidinho de bacalhau (R$ 37,00) delicioso, embora eu tenha sentido a falta de um pouco mais de sabor do peixe. Mas a textura e cremosidade do prato são incríveis. Adoro pensar que estou comendo papinha de criança. Dizem que é por isso que a tal comfort food faz sucesso. Bom, no Casual Retrô, também já devorei pratos de frutos do mar, bolinhos de bacalhau e outras
delícias. O prato do dia é sempre a melhor pedida, e com as entradinhas, pode ser dividido. Vá lá sem medo. E beba um chopp geladinho por mim.
Boteco Casual Retrô
Rua do Rosário, 24, Centro, Rio de Janeiro
tel. (21) 2233-6904

9.7.08

Caldo de Piranha




Resolvi fuçar na internet para encontrar um restaurante legal e curioso em Teresópolis e descobri o Caldo de Piranha, muito conhecido na cidade. Para chegar até lá, um lugar escondidinho, bastaram as indicações de pessoas na rua. Aliás, escondidinho foi o que comemos, de camarão. MARAVILHOSO. Sério. Um dos melhores que já provei. Adoro este aipim praticamente líquido, desmanchado. Saborosíssimo. E o requeijão, que em muitos escondidinhos por aí vem em exagero e não é dos melhores, estava delicioso e na medida certa. O caldo de piranha propriamente dito, que dá nome ao restaurante, estava gostoso, mas nada que se compare ao escondidinho. Os pastéis de camarão, idem, embora saborosos. Como os pratos principais são grandes - um escondidinho para dois serve três a quatro pessoas tranquilamente -, sugiro que você prove só o caldinho, e guarde a fome para o principal. Será difícil escolhê-lo, porque o cardápios sugere coisas deliciosas (olhe aqui: http://www.caldodepiranha.com.br, tem até fotos), a maioria com frutos do mar e peixes. O ambiente é simples, os preços são excelentes (nossa conta, para dois, com caldo, pastéis, escondidinho e algumas cervejas Therezópolis, não chegou a R$ 100,00) Adorei e voltarei sempre que possível. Recomendo.

Caldo de Piranha
R. José Elias Zaquem, nº 305, Agriões, Teresópolis (RJ)
Tel: (21) 2742-288121 e 2643-4908
De terça a domingo, de meio dia a uma da manhã

As vendinhas XIII

Mais uma série. Este é um mercadinho de Teresópolis, no centro da cidade.

8.7.08

Viagem no tempo: coquetel de camarões


Tenho a alma retrô, sabe? E quando minha mãe vem de São Paulo, ou quando vou visitá-la em Sampa, e sempre que dá tempo, fazemos algo no fogão que nos faça voltar no tempo. Minha infância teve muito estrogonofe, filé ao poivre (minha mãe adora amassar as pimentinhas e usar em qualquer receita), melão espetado com pedacinhos de presunto (nas festinhas, invariavelmente). Naquele tempo, camarão era artigo de luxo lá em casa, só de vez em quando, por isso, coquetel de camarão, jamais! E por isso também, da última vez que nos encontramos, assim que minha mãe pronunciou "coquetel de camarão", sugerindo que experimentássemos uma velha receita, eu, em câmera lenta, levantei os braços e vibrei: "Yes!Coquetel de camarão! Eu nunca comi, eu nunca comi!" (Como diz meu amigo Alexandre Arruda, "pobre não recusa camarão"). Sempre ouvi falar do tal coquetel, e olha minha ignorância, não sabia que levava álcool! Pois fiquei quase bebum com esse aí da foto, porque dona Cecília mandou ver, hahaha. Reproduzo aqui a receita do livro Dona Benta - Comer Bem, embora aqui em casa a gente tenha improvisado com vodka, na falta de gim. Ah, sim, nós também ignoramos o gelo moído, acho que não fez muita falta.

Coquetel de Camarão
- 2 xícaras de maionese
- 3/4 de xícara de creme de leite
- 1/2 xícara de ketchup
- 1 colher de sobremesa de molho inglês
- 1 colher de sopa de gim
- 250 gramas de camarões pequenos cozidos
- 500 gramas de camarões médios cozidos
- sal e pimenta do reino

Modo de Preparo
1. Pique grosseiramente os camarões pequenos e coloque-os em uma tigela. Adicione a maionese, o molho inglês, o gim, o creme de leite e o ketchup. Tempere com sal e pimenta e misture bem. Leve à geladeira.
2. Coloque o creme em taças próprias, sobre gelo moído, e enfeite, colocando os camarões médios inteiros ao redor das taças.
3. Leve para gelar.

Anastácia também é cultura: Segundo o livro As cem receitas mais famosas do mundo, de Roland Gööck (uma publicação do Círculo do Livro que tem mais de 30 anos, presente da minha amiga Rosinha), os americanos inventaram o "coquetel de lagosta", nos anos 70. Mas, como diz o livro, "a lagosta não é, de fato, um manjar acessível", o autor sugere: "também podem servir com este molho camarões". Ou seja, tenho cá para mim que a moda do coquetel de camarões, que nos anos 70 e um pedaço dos 80 foi uma verdadeira febre mundial, nada mais seja que a releitura desta receita. Aliás, no livro de Gööck, a receita leva conhaque, e não gim, e ainda aspargos e cogumelos.

6.7.08

Di Cunto II



Já que falamos de de doce de amendoim no último post, continuemos no tema com os doces da confeitaria da Mooca (role alguns posts abaixo e descubra a melhor coxinha do mundo). Em homenagem aos Di Cunto, família que tanta alegria dá aos paulistanos e aos que visitam a cidade, reproduzo uma receita de creme inglês, que recheia os três doces da foto, retirada do belíssimo livro "Larousse da Cozinha Italiana", de Laura Zavan:

Creme Inglês
- 500 ml de leite integral
- 4 gemas à temperatura ambiente
- 80g de açúcar
- 1 fava de baunilha

Ferva o leite com a fava cortada ao meio. Bata as gemas com o açúcar num recipiente de inox. A mistura deve ficar esbranquiçada. Sem parar de mexer, despeje lentamente o leite quente sobre as gemas, através de uma peneira fina. Coloque o recipiente sobre uma panela com água a ponto de ferver e deixe o creme engrossar. Com uma colher de pau, mexa sem parar. O creme está no ponto quando seu dedo deixar uma marca na superfície. Para esfriar, mergulhe o recipiente em água gelada e mexa. Consuma no mesmo dia.

Amendoim do Lela

Lela (ou Lelinha), o Leandro Valverdes, amigo de longuíssima data e um dos meus seis leitores, generosamente, e depois de muita insistência de minha parte para que ele colaborasse com o Anastácia, mandou este vídeo onde prepara um "Cricri". O doce, feito de amendoim, foi confeccionado por ele e a gaúcha Leila (ou Leilinha, como ele diz) especialmente para a edição junina da Bicicletada - movimento dos ciclistas com o qual simpatizo muitíssimo (http://www.bicicletada.org). Ainda estamos em tempo de festas juninas, portanto, assista e descubra o segredo de um bom "cricri". Hum... delícia... Brigada, Lela e Leilinha!

1.7.08

Café no Parque Lage






Todo mundo precisa ir ao Parque Lage pelo menos uma vez na vida, nem que seja para conhecer as locações de Terra em Transe, de Glauber Rocha. Se ainda puder tomar um gostoso café enquanto admira este lugar lindo (cuja construção inciou em 1849 e até os anos 60 era, inacreditavelmente, a propriedade paricular de uma família), melhor ainda. Pois foi o que fiz num fim de semana recente. Fui ao Café du Lage (um casal gasta cerca de R$ 35,00 e sai muito satisfeito), e sentei ao lado de quadros e instlações produzidas pelos alunos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, expostos no belíssimo pátio interno da casa. Dali, é possível subir o morro do Corcovado, e parece que a caminhada leva pouco mais de uma hora. Se não estiver afim de subir coisa alguma, como era meu caso, contente-se com a belíssima vista para o Cristo Redentor e uns passeios rápidos nos bosques, com cascatas, grutas e até uma torre no melhor estilo "Rapunzel, jogue suas tranças". Coisa linda, e para não abandonar o velho chavão, "nem parece que estamos no meio da cidade". O café é gostoso, embora o atendimento seja um dos mais lentos da cidade. Mas não importa, o negócio é relaxar. Coma frutas, suco de laranja, iogurte com granola, misto quente, pãezinhos variados... e aproveite. Hum, delícia.

****
Parque Lage
Rua Jardim Botânico, 414
Aberto de segunda a quinta de 9h às 22:30, e de sexta a domingo, de 9h às 17:30

30.6.08

A Di Cunto e a melhor coxinha do mundo


Gente, eu já tinha dito aqui que a empadinha do Caranguejo, no Rio, é a melhor do mundo. Certo. Agora acho que descobri a "empadinha do caranguejo das coxinhas", ou seja, a melhor coxinha do mundo! É possível? Um bandeja cheinha delas está pronta para ser devorada na DiCunto, uma confeitaria que merece dois posts. Esté é o primeiro deles. A Di Cunto é famosérrima em São Paulo, e eu já tinha ido uma vez, há uns bons anos, acompanhada da amiga Juliana Pássara Vilas, aliás, uma dos meus cinco leitores infiéis. Desta vez fui levada pelas mãos de um japonês muuuuito simpático, o Guen, designer de mão cheia com quem tive o prazer de trabalhar alguns poucos dias - e o suficiente para que ele me mostrasse um pouquinho da Mooca profunda. É, meu, a Mooca é da hora, diria um paulistano nascido por ali.
A Di Cunto também é "da hora" (legal, bacana, show de bola). Fica pertinho do Clube Atlético Juventus, onde, diz a lenda, Pelé teria feito um gol maravilhoso de bicicleta no tempo em que nem havia videoteipe. Mas isso é outro assunto. O lugar que faz a melhor coxinha do mundo -e ela não tem formato de coxinha, o que achei curioso - é uma padaria, confeitaria, rotisseria e restaurante, inaugurado em 1935. Leia mais sobre a história da Di Cunto em http://www.dicunto.com.br/) e não perca seus quitutes. Leia mais também sobre a história da Mooca (http://www.portaldamooca.com.br/), um bairro italiano tradicionalíssimo em São Paulo. "A Mooca é um estado de espírito. Esse estado de espírito que só os mooquenses natos conseguem entender, mas não explicar, vem da época em que ali havia tempo e espaço para as longas conversas nos portões. Quem nasce na Mooca dificilmente transfere-se para outro bairro e se o faz está sempre de volta às suas origens", diz o sítio "oficial" do bairro. Perto também fica o Museu do Imigrante, onde se pode brincar de visitar São Paulo antiga.
Ah, sim, a coxinha: sabe aquela história de "crocante por fora e macia por dentro"? É assim mesmo. E bota macia nisso. Sequinha, sequinha (no meu guardanapo não ficou um pingo de gordura, juro). Fui informada de que a receita leva leite. Também pude constatar que não tem tomate, qualquer molho ou excesso de condimentos. O interior é molinho, e o frango se mistura à coisa mole (coisa mole para recheio é uma boa expressão, né?). Enfim. Sensacional. Pequenina, básica, sem maiores invenções. Simples e deliciosa. Eu voto na coxinha da Di Cunto para melhor do mundo. E vamo que vamo.

29.6.08

O brigadeiro do Colher de Pau


Este é o melhor brigadeiro do Rio de Janeiro, segundo o júri da revista Veja Rio, na sua eleição de 2008. E ele é vendido no Colher de Pau, um lugar simpático, em Ipanema, que tem doces muito gostosos. O brigadeiro é show de bola, ou, literalmente, show de bolinha. Parece que alguém acabou de fazer em casa. Este, da foto, devorei com minha amiga Mirna, parceira de cafés, doces e ótimas conversas nas mesas do bairro. Hum, delícia.

Colher de Pau
Rua Farme de Amoedo, 39, Ipanema
(21) 2523-3018

3.6.08

O Jardim Botânico, Dom João VI e sua galinha mourisca





As fotografias foram tiradas em diversos pedaços do Jardim Botânico, que no próximo dia 13 de junho completa 200 anos. Em 1808, o JB, que dá nome ao bairro onde está, na zona sul do Rio de Janeiro, nasceu com o nome de Jardim de Aclimação, criado por D. João, então príncipe regente e, mais tarde, Dom João VI. Foi a "casa" de Tom Jobim, que, diz a lenda urbana, era o único sujeito da cidade com passe livre: podia entrar e sair do parque a hora que bem entendesse. Lá dentro, depois de caminhar bastante (é imenso), pare para tomar um cafezinho no Café Botanica, que de espetacular tem apenas o fato de estar lá dentro (e precisa mais que isso?), em meio às árvores. Em homenagem a Dom João VI, o homem que amava frangos ("era capaz de devorar seis por dia, três no almoço e três no jantar", diz J.A. Dias Lopes em A canja do imperador) e incluiu ingredientes brasileiros na dieta de sua corte ("banana, feijão preto, carne-seca, algumas pimentas e farinha de mandioca, entre outros", ainda segundo Dias Lopes), reproduzo aqui a receita de Galinha Mourisca, que tirei do capítulo sobre Dom João no mesmo A Canja - livro que eu adoro, aliás, e já falei dele aqui.

Viva o Jardim Botânico! Viva Dom João VI!

Galinha Mourisca

Ingredientes
1 galinha de cerca de 2 quilos
100 gramas de toucinho cortado em pequenos pedaços
30 gramas de manteiga
1 cebola grande fatiada
150 ml de vinho branco
50 ml de suco de limão
6 ovos escalfados (abertos e cozidos em água quente)
6 fatias de pão caseiro
salsinha, hortelã, louro e coentro, picados a gosto
cebolinha-verde e canela moída para salpicar
sal e pimenta-do-reino moída a gosto

Preparo
1. Limpe a galinha e corte-a em pedaços, pelas juntas
2. Aqueça o toucinho e a manteiga numa panela de fundo grosso. Coloque a cebola e espere murchar. Junte a galinha, as ervas e a pimenta. Deixe-a dourar com a panela destampada e acrescente o vinho. Mexa bem e, quando o álcool evaporar, adicione o limão, o sal e a água, o suficiente para cozinhar a galinha.
3. Em uma panela com água quase em ponto de fervura, abra os ovos, poucos por vez e deixe-os cozinhar por uns três minutos. As claras devem ficar apenas opacas e as gemas, moles. Retire com uma escumadeira.
4. Coloque as fatias de pão em pratos fundos e, por cima, arrume a galinha. Disponha os ovos, polvilhe com a canela, a cebolinha-verde e sirva.