31.5.07

Fasano e o The Fat Duck, agora em versão integral

Gente, por favor, não percam este texto. É um espetáculo. E veja as fotos do lugar no post mais abaixo.

Minha primeira vez com as espumas
O restaurateur Rogério Fasano foi à Inglaterra experimentar a comida de vanguarda do Fat Duck, do chef Heston Blumenthal. No menu, sorvetes salgados, texturas estranhas e até mesmo um iPod para completar a experiência sensorial, como ele descreve

Rogério Fasano
Desde criança, sou daqueles conhecidos como "do contra". Basta inventarem uma nova tendência ou modismo que procuro uma ponte - parapassar por cima. Esse jeito de ser me faz invariavelmente adepto doditado "não fui, não vi e não gostei". Por isso, demorei tanto tempopara tomar conhecimento da chamada "atual modernidade gastronômica". Resolvi começar pelo que os aficionados desse tipo de cozinhaconsideram o mais ousado do mundo, o Fat Duck, a uma hora de Londres. Para quem não sabe, o chef Heston Blumenthal compete com Ferran Adrià, ano sim, ano não, como o melhor do mundo em várias publicações. Lá estamos, mesa para cinco: eu, minha mulher Ana, Drauzio Varella,sua mulher Regina e um amigo em comum, Isay Weinfeld (com quem já dividi inúmeros giros gastronômicos pela Itália). No caminho, fizemostodos a promessa de que iríamos sem preconceitos, para abrir nossasobtusas cabeças e entrar na experiência inglesa gastromolecular de Mr.Blumenthal. Afinal de contas, a Inglaterra é o berço da modernidade, e não é à toa que lá estão os geniais Paul Smith, Radiohead e JamieOliver

Apesar disso, no caminho sentia um certo frio na barriga. Nem a paz e a beleza do interior da Inglaterra eram capazes de me deixar mais tranqüilo. Tinha medo do que estava por vir. Venho de uma família que tem como filosofia que uma refeição perdida nunca é recuperada, daísofrermos tanto quando reclamações procedentes nos são feitas. Acidade é Bray; o lugar, um antigo cottage, arquitetonicamente charmoso, mas destruído por cinco quadros supostamente modernos, que fariam Picasso franzir a testa. Vamos ao que interessa:

Antipasto 1: nitro chá verde e mousse de limão.
Uma espuma de limão extraída de um sifão é jogada dentro de um potecom nitrogênio a 150 graus negativos, tornando-se imediatamentesólida, a comida vapt-vupt. O efeito? Quase nulo. Apenas amortece um pouco a língua; se soubesse o que viria pela frente, teria comido estas bolinhas como pipoca, para amortecer de vez o palato.

Antipasto 2: Ostra com molho de maracujá em mousse de gelatina.
Gostaria de deixar aqui uma pergunta: existirá no universo algum tipode molho que melhore uma ostra? Duvido. O nosso era um desses molhos que a nova cozinha tanto adora. Fico imaginando quem foi o sujeito queinventou que a comida gourmand tem que ser agridoce. Guilhotina nele.

Antipasto 3: Sorvete de mostarda com gaspacho de beterraba.
Desfrutamos o gaspacho de beterraba, com um insípido pãozinho servido frio. Quanto ao sorvete de mostarda, é exatamente o que se pode imaginar de um sorvete de mostarda. Estranhíssimo.

Antipasto 4: Pequenas geléias de sabores variados, que não consigodescrever, e cuja matéria-prima ninguém conseguiu identificar.

Antipasto 5: Pequenas torradas com trufas pretas. Excepcionalmente, são sólidas e normais na aparência. Chegaram a ser negociadas a pesode ouro, mas ninguém vendeu as suas. Mesmo sabendo, nós e o Sr. Blumenthal, que as trufas encontradas nesta época do ano são as piores que existem. Gostaria de fazer aqui um aparte: trufa é algo sublime que costuma mudar para melhor quase tudo aquilo que toca. Não confundir com óleo de trufa, que costuma ter o efeito contrário: destrói tudo e parece feito pela Esso, pois tem gosto de gasolina.

1º prato: Escargots com presunto espanhol e erva doce "barbeadas". Muito saboroso.

2 º prato: A quantidade de açúcar que acompanha o foie gras com cereja e camomila nos trouxe de volta à realidade.

3 º prato: Chamado sound of the sea; um espuma branca de textura estranhíssima, com uma espécie de areia-farofa servida ao lado. Eacompanhada de quê? De um iPod. Sério! Todos nós recebemos o aparelho, que fomos obrigados a usar, e que reproduzia barulhos do mar. Detalhe: o meu tinha uma camada extra de cera no fone de ouvido, deixada peloúltimo comensal. Fingi que não percebi e coloquei o meu, afinal decontas as pessoas vão ao Fat Duck para aplaudir, não para reclamar. Fica aqui uma sugestão, seria muito mais higiênico e faria o mesmo efeito, uma concha marinha.

Após retirarmos o iPod, Regina comentou: "Estive mês passado no que é considerado o restaurante mais antigo do mundo, que serve assados em Madri". A mesa quase veio abaixo. A curiosidade voltou-se toda para oque Regina havia comido. Isay, eu e Ana comentávamos o excepcional jantar que tivemos no Harry's Bar de Londres, um clube privado, que serve cozinha italiana, na síntese da modernidade: rústica, porém delicadíssima.

4 º prato: Já estava perdendo a paciência com nosso amigo Pato Gordo quando chegou um salmão pochê com aspargos, alcaçuz e grapefruit. Semexageros, considero o pior salmão que comi na vida.

Último prato: Excepcional costeleta de carneiro, porque estávamos naterra do melhor carneiro do mundo, mas era servida com um molho doce, muito doce. O Fat Duck é quase uma confeitaria, que serve alguns salgados.

Meu jantar aqui chegou ao fim. Pulei os doces, pois já tinha comido açúcar demais. Assim fez também Drauzio, que não come açúcar e já tinha ingerido sua dose pelos próximos 20 anos. A sobremesa mais famosa do lugar é um sorvete assim descrito: "nitro-ovos mexidos esorvete de bacon". Se o sorvete de mostarda já tinha sido duro, o que fazer então com a versão em bacon?

Os outros à mesa receberam o sorvete, mas apenas o tocaram, o que deixou os maîtres um pouco indignados. Não nos importamos muito, pois sabemos que nesses restaurantes, na grande maioria das vezes, o serviço é insuportável. Desde que alguns chefs foram elevados à categoria de diretores de cinema, seu staff age como coadjuvante degrandes estrelas. Eles se sentem contracenando com Marlon Brando oucomo assistentes de câmera de Stanley Kubrick.

Exceção feita a um simpático irlandês, ruivo, que a cada esquisitice servida à mesa, com muita ironia, após dez minutos de explicação decada prato, nos dizia: enjoy it! Como os recepcionistas da casa doshorrores.

Olhei para Isay - arquiteto moderno, antenado, culto, contemporâneo, enfim, entre os grandes - e entendi o que ele sente quando esta arquitetura feita com formas esdrúxulas é considerada moderna.

The end: a conta, 1.300 libras ou R$ 5.600, incluindo uma minúsculataça dos seguintes vinhos e saquê: Iphofer Kronsberg Silvaner SpatleseTrocken 2005; Vin de Pays des Côtes Catalanes, Le Soula, Roussillon;Vinoptima Gewürztraminer Reserve Gisborne; Rashiku Ginjo-SakeYamatogawa; Quinta da Falorca Reserva Dão; Barolo, Nei Cannubi LuigiEinaudi. Voltamos ao nosso motorista, mais inglês impossível, eacostumado a levar pessoas ao Fat Duck, que com muito sarcasmopergunta: "Any good?" Isay de bate pronto: "No". Motorista: "Lots of people say that". Penso: nem tudo está perdido.

(PS: Se você quiser passar pelo mesmo tipo de refeição, a espera é de aproximadamente dois meses.)
* Rogério Fasano é proprietário dos restaurantes Fasano, Parigi e Gero

30.5.07

Spaghetti ao molho de berinjela

Receita rápida, se você já tiver alguns ingredientes preparados. Eu já tinha berinjela assada com cebolas, azeite e alho (tudo no forno, vá mexendo, misturando o azeite, até que as fatias de berinjela murchem bastante. Não esqueça do sal e seja generoso no azeite. Dura bastante na geladeira, use no pão, nos molhos, no cuzcuz). Aproveitei-as. Preparei um molho básico de tomate (cebola e bastante alho, sal e pimenta do reino, tomates), acrescentei a beringela assada, lâminas de champignons e um pimentão "chamuscado" em fatias (pegue o pimentão verde, faça furos, coloque direto na boca do fogão e vá virando, até que fique todo queimadinho. Depois, tire a pele, a polpa e fatie. Fica com um sabor defumado.) Pronto. Divirta-se.

28.5.07

Ai de mim, aipim

Ai de mim, aipim.
Ô inhame, a batata é uma puta barata. Deixa ela pro nabo nababo que baba de bobo. Transa uma com a cebola.
Aquele hálito? Que hábito! Me faz chorar.
Então procura uma cenoura.
Coradinha, mas muito enrustida.
A abóbora tá aí mesmo.
Como eu gosto de abóbora.
Então namora uma.
Falô. Vou pegar meu gorrinho e sair poraí pra procurar uma abóbora maneira
Té mais, aipim
Té mais, inhame

Chacal

Lamas


Se há um lugar no Rio onde se tem a certeza de que qualquer coisa que se peça do cardápio será deliciosa, este lugar é o Lamas. Antiiiigo (fundado em 1874, mas já mudou de endereço algumas vezes), sempre lotado, com cara de restaurante-que-meu-avô-frequentava-muito, tradicional reduto de boêmios e artistas (e os dois ao mesmo tempo), mesas grandes, cadeiras confortáveis. Campeão no ranking da melhor CCC - Comida Carioca de Combate. Aliás, sabe do que se trata?

CCC é o seguinte, merrrrmão, como dizem os cariocas: pratos fartos (você pede aquele que diz "para 1 pessoa", dá para dois e ainda sobra um pouco, extamente como em Portugal) e tem à frente sempre as mesmas opções infalíveis, tais como Filé à Oswaldo Aranha, Picanha à brasileira (com farofa e molho à campanha), Filé de peixe com arroz de brócolis e molho de camarão e por aí vai. Ontem, tracei no Lamas um "Filé modificado", como definiu Gomes, o garçom. Era para ser um Oswaldo Aranha, com alho frito, arroz, farofa e batatas fritas. Mas pedi para trocar: queria arroz de brócolis e batatas coradas. "Você quer é um filé modificado, que nem soja". É, Gomes, isso aí. Ah, sim. Nos lugares onde se serve uma boa CCC é sempre permitido trocar os acompanhamentos. Claro, porque não são pratos únicos e exclusivos. A intenção é justamente misturar de vez em quando, já que a comida é sempre a mesma... Enfim, lá veio meu filé, sangrando como eu gosto, com uma batata deliciosa, farofinha e arroz de brócolis. Maravilhoso. Era de se comer rezando, juro por Deus. Para a sobremesa, não fotografei, mas tracei um sorvete com profiteroles e calda de chocotale. Hum... delícia.

(Bom, sei que vão dizer "ah, mas você não falou da canja, da cassarola, do filé à francesa, do creme de abacate...". É aquela coisa, né? Lugar tradicional... todo mundo tem um prato favorito, uma história para contar, uma lenda para passar para frente. Pos isso, peço logo desculpas, gente. Outro dia faço outro post sobre o Lamas. Ele merece, ele merece, ele merece!)

Café Lamas Restaurante
Rua Marquês de Abrantes, 18, Flamengo, Rio de Janeiro
(21) 2556 0799

23.5.07

Ceviche da Telma

Minha tia Telma, que cozinha maravilhosamente bem e detesta ser chamada de "tia", me mandou uma receita de ceviche dia desses. Pedi uma foto, já que ela é fotógrafa e faria algumas de dar água na boca. Mas a resposta veio de bate-pronto. "Faça você e tire a foto". Claro. Ela me mandou a receita não para a danadinha ficar parada ali no meu email. Mas para tomar forma. Ou fôrma (ai, esta foi péssima). Por isso, ontem, na feira, comprei um quilo de filé de linguado e resolvi me dedicar ao ceviche da Telma, que leva coentro, champignon e, acreditem, abacate. Sim, abacate na comida salgada, combinação que os latino-americanos fazem há centenas de anos. Uma amiga foi à Colômbia e ficou impressionada com a quantidade de abacate que se come. "É abacate no café, no almoço, na janta, como prato principal, acompanhamento...". Com a Telma não deixaria de ser diferente, já que a titia mora em Caracas há pouco mais de um ano. Pois bem, o abacate não está na foto porque o ceviche ainda não foi servido, o que só acontecerá esta noite. Mas já adianto que a receita é sensacional, saborosíssima. Experimente, é super simples.

Ceviche da Telma
- 1 kg de peixe bem fresco (pode ser salmão, linguado, robalo, cavala) cortado em cubos pequenos, sem pele e sem espinhas
- suco de 6 ou 7 limões grandes ou mais, se pequenos
- 350 g de tomates maduros sem pele e sementes, picados em lascas ou cubos
- 1/2 xícara de chá de azeite de oliva
- 1 colher de chá de orégano
- sal e pimenta do reino a gosto
- 1 pimenta vermelha ou verde fresca bem picadinha, pode ser de cheiro ou dedo de moça (aqui em Caracas usa-se 'chilli serrano' ou 'aji picante', mas como aí no Brasil não tem, use pimenta de cheiro, que combina mais com peixe)
- 1 abacate pequeno não muito maduro, para que possa ser trabalhado sem desmanchar, sem casca, sem caroço e cortado em fatias.
- 1 cebola cortada em rodelas e separada em anéis, melhor se for cebola roxa.
- 1 xícara de chá de champignos frescos cortado em fatias.
- 1 maço médio de coentro bem picadinho (insubstituível e imprescindível pelo sabor)
- alface tipo americana para acomodar dentro o ceviche em porções individuais ou numa travessa.

Modo de preparo
Mergulhe o peixe no suco de limão, tampe e deixe na geladeira por pelo menos 5 horas ou até que o peixe se torne opaco e esbranquiçado. Mexa de vez em quando para que absorva por igual o limão. Melhor se fizer de um dia para o outro. Acrescente os tomates, a pimenta fresca, o azeite, o orégano, sal e pimenta do reino, misture tudo e volte para a geladeira por mais uma ou duas horas. Na hora de servir, misture com o champignons, parte do coentro, a cebola e enfeite com o abacate descascado e cortado na hora, e passe suco de limão pelo abacate para nao escurecer. Ponha tudo sobre as folhas de alface. O suco que ficou da marinada derrame sobre tudo e salpique o resto do coentro.
É muito bom, que dá agua na boca. Faça e depois me conte.

Já fiz, ó. Tá aí! Você acha que eu sou boba? Ah, esqueci de dizer que eu acrescentei um pimentãozinho... Hehehehe.

Uniforme perfeito para uma perfeita devoradora de papinhas



Está aí. A mais nova moda na casa da Lelê, no Leme. Uma roupinha que tem absolutamente tudo a ver com ela, que come, come, come, come sem parar. Não é pouco fofa, não. É muito.

22.5.07

Rogério Fasano, meu mais novo ídolo



Eu sempre tive uma certa má vontade com Rogério Fasano, que costuma ser chamado de "restaurateur" (acima, na foto de Marco Antonio Teixeiraque, que "emprestei" da Agência O Globo, como vocês podem notar). Confesso. Mas agora estou abestalhada, depois de saber um pouco sobre as opiniões gastronômicas deste moço, o que me fez alçá-lo à condição de ídolo na minha galeria. No último Paladar, caderno sensacional do Estadão, que sai às quintas-feiras, Fasano escreveu brilhantemente sobre sua visita ao restaurante The Fat Duck (na cidadezinha de Bray, a uma hora de Londres. Veja as fotos do ambiente e da fachada), do chef Heston Blumenthal, que tem revezado com Ferran Andriá o posto de melhor do mundo. Mil desculpas, mas alguém aí suporta espuma, redução, sifão e outras melecas deste gênero? Ah, bom, porque eu detesto. A matéria do Fasano é espetacular, mas não posso transcrevê-la inteira (porque eu perderia horas e horas do meu dia) nem linkar o texto do jornal, já que não sou assinante e, por isso, não tenho acesso (droga!). Mas faço questão de deixar aqui alguns trechos:

"Antipasto 1: nitro chá verde e mousse de limão. Uma espuma de limão extraída de um sifão é jogada dentro de um pote com nitrogênio a 150 graus negativos, tornando-se imediatamente sólida, a comida vapt-vupt. O efeito? Quase nulo. Apenas amortece um pouco a língua; se soubesse o que viria pela frente, teria comido estas bolinhas como pipoca, para amortecer de vez o palato.

Antipasto 3: sorvete de mostarda com gaspacho de beterraba. Desfrutamos o gaspacho de beterraba, com um insípido pãozinho servido frio. Quanto ao sorvete de mostarda, é exatamente o que se pode imaginar de um sorvete de mostarda. Estranhíssimo.
Antipasto 4: pequenas geléias de sabores variados, que não consigo descrever, e cuja matéria-prima ninguém conseguiu identificar.

Terceiro prato: Chamado sound of the sea, uma espuma branca de textura estranhíssima, com uma espécie de areia-farofa servida ao lado. E acompanhada de quê? De um iPod. Sério! Todos nós recebemos o aparelho, que fomos obrigados a usar, e que reproduzia barulhos do mar. Detalhe: o meu tinha uma camada extra de cera no fone de ouvido, deixada pelo último comensal.
Quarto prato: Já estava perdendo a paciência com nosso amigo Pato Gordo quando chegou um salmão pochê com aspargos, alcaçuz e grapefruit. Sem exageros, considero o pior salmão que já comi na minha vida."

Ah, sim. Só a conta do Fasano foi 1.300 libras, ou R$ 5.600, incluindo com algumas taças de vinhos variados. É isso aí. Agora querem até que estes chefs virem artistas plásticos. Não seria má idéia, se eles deixassem os alimentos em paz. Isso, minha gente, vão caçar o que fazer, como diz uma amiga minha.

Enlatados do meu coração

Eu a-do-ro enlatados e sempre me irrittei com as críticas aos meus amigos atum, sardinha, milho verde, ervilha, tomate sem pele e por aí vai. Considero-os todos essenciais e de grande utilidade e praticidade. Há duas semanas, o Estadão deu a seguinte matéria sobre as latinhas, para derrubar alguns mitos sobre estes produtos (esta é apenas a introdução, não é certo colocar a matéria toda da moça aqui, né? Mas posso, sim, dar minha receita de uma simples, rápida e excelente tortinha de liquidificador que sempre faço. Os amigos também a-do-ram):

"Posso servir a lata?
Conservas, compotas, ingredientes finos, pratos prontos. Um grande universo de sabores, de petiscos a refeições completas, está guardado nas tradicionais embalagens de aço.

Lucinéia Nunes

Ninguém está querendo convencer você de que eles são melhores do que comida fresca. Só estamos chamando a atenção para o vasto, variado e muitas vezes delicioso mundo dos enlatados. Nesta categoria de produtos envasados em embalagens de metal, a gama é extensa. Vai daqueles de larga produção industrial, populares, a iguarias. De ingredientes finamente trabalhados a pratos prontos. E inclui petiscos, pães, doces, frutas, numa variedade que vai muito além sardinha (a mais vendida, por aqui) e da sopa Campbell's (o emblema pop da modalidade, graças às embalagens eternizadas na obra de Andy Warhol).

Outro aspecto que precisa ser desmistificado é a associação dos enlatados com a junkie food. Não é bem assim. As latas, desde que manipuladas devidamente, são capazes de preservar vitaminas e minerais, dispensando inclusive o uso de conservantes químicos. O alimento é envasado, cozido e esterilizado em alta temperatura, dentro da lata de aço hermeticamente fechada, ficando protegido da ação da luz e do oxigênio. 'Isso é uma vantagem. A maioria dos alimentos em embalagens plásticas ou de vidro tem suas propriedades nutritivas e sensoriais (sabor, cor, odor e consistência) alteradas por esses dois fatores', explica Giuliana Serafim, engenheira de alimentos da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço). A lata feita com folha de flandres, em especial, completa a engenheira, tem longa durabilidade e possui uma película interna com grande elasticidade que, mesmo amassada, não altera o alimento.

Um dos produtos campeões de venda no Brasil é o atomatado. Já as sardinhas demandam por aqui mais de 400 milhões de latas por ano. Os peixinhos, contudo, são sucesso também no exterior. Em lugares como Espanha, Portugal e França, elas chegam a ser vendidas até em 'safras' especiais."
Torta de liquidificador
Ingredientes
Massa:
1 ovo
1 xícara de chá de leite
1 xícara de chá de óleo
6 colheres de sopa cheias de farinha de trigo
6 colheres de sopa cheias de queijo parmesão ralado
1 colher de sobremesa de fermento em pó
cebola e alho (você conhece sua medida)
sal e pimenta do reino
Recheio:
1/2 lata de milho verde
1/2 lata de ervilha
1 lata de atum (ralado, sólido, em água ou azeite) ou sardinha
cheiro verde
tomates sem semente picados
...e o que mais você quiser - palmito em conserva, seleta de legumes, abobrinha, manjericão, camarão (claro que você não vai colocar tudo isso de uma só vez, né? faça escolhas que combinem). Os ingredientes do recheio e os temperinhos ficam a seu critério.
Modo de preparo
Bata todos os ingredientes da massa no liquidificador até obter uma massa homogênea e coloque numa forma untada. Misture os ingredientes do recheio e despeje sobre a massa. Esta mistura deve mergulhar na forma. Polvilhe queijo ralado por cima e leve ao forno pré-aquecido, em fogo baixo por cerca de 30 minutos.

17.5.07

Sopa de peixe de Livorno (Antonio Carluccio)



Este moço simpático, o italiano Antonio Carluccio, é autor de um livro lindíssimo, Cozinha Italiana Completa (Editora Globo). Trata-se de uma espécie de glossário de ingredientes, pratos, temperos, tudo, tudo de bom que a Itália dá ao mundo! É também uma viagem ao país das comidas maravilhosas. Quando for à livraria, folheie, pelo menos. Vale a pena. Para homenagear o simpático Carluccio, uma deliciosa receita que tirei de seu livro, com um nome parecido com o dele. Sopa, já que estamos neste friozinho gostoso. Os comentários iniciais também são do livro.

Cacciucco (Sopa de peixe de Livorno)
Todas as cidades na costa da Itália possuem a sua sopa ou seu cozido de peixe. Na Ligúria ela é chamada de burrida e na vizinha Toscana, cacciucco, onde o prato é especialidade da cidade de Livorno. São pratos muito parecidos, feitos com os peixes mais frescos pescados localmente.

Ingredientes - Para 6 pessoas
500g de peixe-escorpião ou garoupa
500g de tamboril
225g de polvo
225g de lula
225g de mariscos
6 tomates picados
sal e pimenta
óleo de oliva para fritar

Para o caldo:
1 cebola grande picada
1-2 cenouras picadas
2 talos de aipo
1 bulbo grande de funcho picado
2-3 folhas de louro
12 grãos de pimenta do reino

Modo de preparo
Primeiramente, limpe e prepare os peixes e os frutos do mar. Para fazer o caldo, coloque as partes dos prixes que você separou, como as cabeças e os rabos, em uma panela larga com a cebola, a cenoura, o aipo, o funcho, as folhas de louro e os grãos de pimenta. Adicione água suficiente para cobrir e cozinhe o em fogo lento por 20 minutos.

Enquanto isso, aqueça óleo de oliva o bastante para fritura em uma panela larga, acrescente os pedaços de peixe branco, polvo e lula e frite cada lado por cerca de 1 minuto. Adicione os tomates. Escorra o caldo de peixe e despeje-o na panela até cobrir o peixe. Cozinhe em fogo brando por cerca de 3 minutos, depois acrescente os mariscos e cozinhe por mais 2 minutos, ou até que as conchas se abram. Tempere com sal e pimenta e sirva imediatamente.

16.5.07

O melhor queijo minas do mundo (para Marcelle e Alexandre)

Eu poderia dizer que o queijo minas Coalhadas é o melhor do mundo, mas não direi. Outros dirão por mim. Indico para quem apareça na minha frente, mesmo que a pergunta não seja "você conhece uma boa marca de queijo minas?". Hahaha. Os últimos a provarem a iguaria foram Alexandre (ou Arruda ou Xande, mas este último é só para os íntimos) e Marcelle, que formam o casal-mais-fofo-do-mundo-que-agora-é-meu-vizinho. Fui pedir para os dois um depoimento sobre o queijo. Depois de protestos como "mas tudo soa meio piegas", vieram respostas lapidares proferidas de um jeito natural, como diria o mestre Paulinho da Viola: "Nunca comi nada igual", "O queijo é uma delícia", "Macio, né? Boa consistência". E, por fim, a melhor de todas: "Bom, bom, muito bom. Bem bom". Tá bom?

Não, não está. Falei também com outra amiga que virou fã do queijo, Juliana Bolota. Sabia que viria de lá algo bem, digamos, apaixonado. E mais piegas ainda, claaaro. Eis a pérola: "Lá em casa todo mundo adora! É salgado e leve sem ser insosso. Como o Bis, é impossível comer um (pedaço) só. Mas é ainda melhor que Bis!" Nossinhora. Paixões são bregas mesmo. A vida é assim. Obrigada, gente. Vocês só não me emocionam mais que o próprio Coalhadas.
Ah, já ia esquecendo. Marcelle manda dizer que é preciso provar o queijo com doce de leite: "Argentino, claro". Este pessoal muda para Ipanema e fica metiiiiiido.

14.5.07

Vatapá


A receita é do sensacional Dorival Caymmi, na letra da música Vatapá:

Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá
Depois o dendê
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer

Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais

Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, iaiá
Na hora de temperar
Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar

Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis e uma nêga, ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá

12.5.07

Top 5 cook-book combination - Parte 1

As cinco melhores combinações entre ficção e comida, por Tunu Varadarajan, do Wall Street Journal. Você vai ler uma por dia.

1. "O mar, o mar", de Iris Murdoch (1978)
Solitary eating: Charles Arrowby, o protagonista, é o comedor mais chato da literatura inglesa. Compra e cozinha para para uma pessoa, ele mesmo, com a simplicidade que caracteriza um certo tipo de bom comedor: "Para o almoço, devo dizer, comia e me fartava com o seguinte: uma torrada quente com bastante manteiga e patê de anchovas, depois baked beans (feijão branco) e kidney beans (um tipo de feijão vermelho e grande) com aipo picado, tomates, suco de limão e azeite de oliva... E então bananas com creme e açúcar. (Bananas deviam ser cortadas, e nunca amassadas, e o creme devia ser magro) Depois, biscoitos d'água com manteiga da Nova Zelândia e queijo Wensleydale." Os primeiros capítulos são marcados por estes pequenas e valiosos menus. Mas visitas chegam, sua solidão à beira-mar está perdida, e as deliciosas refeições de auto-satisfação se reduzem à insignificância.

Vai cozinhar bem assim...

Olha, que coisa fofa o casal sensação do momento nos cinemas franceses: Guillaume Canet e Audrey Tautou (a eterna Amélie Poulain). Ele faz um chef de cozinha no filme "Ensemble, ces't tout", de Claude Berri. Parece que o tal Guillaume é o mais novo galã queridinho da França. Veja o trailler e entenda que eles estão cheios de razão. Vai cozinhar bem assim lá casa! http://www.ensemblecesttout-lefilm.com/site.html

11.5.07

Risoto de Lula (ou a Papa do presidente)

Como disse um amigo meu, fiel colaborador deste blog, nada melhor que um risoto de lula para comemorar o encontro do presidente com o Papa: "E o legal é que tanto o Papa quanto o Lula são arroz de festa!" Hahahaha. Morri de rir. Prestenção: a lula em anéis (descartei a tinta, tenho medo dela), tomatinhos italianos, limão, vinho branco, caldo, cebola, alho, sal e pimenta. Preparei o risoto nesta ordem: cebola, alho, arroz e tomate. Vinho até avaporar, mas não completamente. Aí vai jogando o caldo, naquela manha do risoto. Evapora, mais caldo, evapora, mais caldo. E vai mexendo. Temperei a lula com limão, sal e pimenta e passei na frigideira em separado. Deeeeeepois, com o arroz quase pronto, despejei a lula, junto com a água que ela soltou (porque a lula não pode cozinhar demais, senão fica como borracha, perde aquela consistência gostosa). Fase final: acertei o tempero, mais suco de limão. Queijo parmesão ralado na hora, dentro da panela. Mais uma mexida. Coloque no prato, regue com azeite e sirva imediatamente (sevir imediatamente é muito importante).

Olha, fui fazendo com o que tinha aqui em casa. Mas acho que deve ficar muito bom com outras coisas que combinam com a lula, como coentro, para quem gosta, pimentões, chilli. Na minha versão, o limão ganhou destaque. Assim, na foto, o Papa ficou meio branco, mas vai na fé. Depois agradeça (muito) a Deus.

9.5.07

Hora do lanche

Tortinha de frutas vermelhas traçada em Aix-en-Provence. Pode babar. E depois sair para comprar algo apenas pa-re-ci-do. Hahaha. Tirei onda agora, hein?

8.5.07

A melhor empada do mundo




Tive a sorte de dividir algumas vezes a mesma mesa de boteco com o ilustre sambista Moacyr Luz, parceiro de Aldir Blanc, compositor de "Saudades da Guanabara" e profundo conhecedor da baixa gastronomia, sempre graças ao amigo Chico Caruso, de quem ele é chegado. Numa delas, sentados no Belmonte de Ipanema, na General Osório, eu, embalada depois de tomar um "nigucinho", desafiei o compositor: "Você não sabe qual é a melhor empada do mundo". A arrogância é mesmo uma merda. O Moacyr mandou na minha lata, sem querequequé: "A do Caranguejo, porra". Aí, tímida, eu disse, em tom mais baixo: "É... também acho". Ele me olhou com aquela cara de "cê tá pensando que eu sou lóque, bicho?", e eu rapidamente emendei: "Pois é, mas há uma unanimidade em torno da empada da Salete (na Tijuca)". E ele imediatamente concordou comigo de novo. "Há mesmo, mas não dá nem para comparar". Ou seja, feliz saí eu do botequim naquela noite, pensando "eu sou foda, o Moacyr concorda comigo sobre a melhor empada do mundo". São os efeitos do álcool. Porque, na verdade, quem concorda sou eu. Com ele, o mestre. O Moacyr entende tanto e baixa gastronomia que escreveu um livro, o "Manual de Sobrevivência nos Butiquins Mais Vagabundos" (cerca de R$ 40,00 nas melhores casas do ramo). Fica para depois alguns trechos do livro aqui no blog. Agora, falemos da melhor empada do mundo.

O Caranguejo é um boteco-restaurante de Copacabana, na esquina da Barata Ribeiro com Xavier da Silveira, em frente ao novíssimo metrô Cantagalo. Atrás do toldo que você vê na foto, há um balcão repleto de empadas de camarão sempre fresquinhas, porque a demanda é gigantesca. Encoste nele, em pé, peça logo duas de uma vez e um chopp. Uma pequena empada do Caranguejo cabe na palma da mão e desmancha na boca. Dentro, um camarão e uma azeitona preta pequenina, com caroço, óbvio. Não é possível descrever a sensação de prazer que se sente ao morder esta empada. É algo do outro mundo. Porque a empada do Caranguejo é a MELHOR do mundo. Desafio qualquer um a provar o contrário. Mas, por favor, não me falem de empada grande, cheia de massa e recheio de palmito, frango ou coisa que o valha (ou melhor, que não vale nada). Elas não têm valor, qualquer valor, nenhum valor.

Em homenagem ao Moacyr, ao Caranguejo e aos pequenos prazeres da vida, não vou postar receita de empada aqui. Seria desonesto, já que a melhor empada deste mundo e, quiçá, de outros, está prontinha para ser comida, ali, em Copacabana.

Receita do Ratatouille Niçoise

Um amigo colaborou com o blog e observou, muito espertamente, que era preciso divulgar aqui a receita do Ratatouille Niçoise, prato que o rato-chef-de-cozinha-do-desenho-que-citei-aí-embaixo vai preparar nos cinemas. A foto saiu deste site: http://www.amb-cotedazur.com, onde você pode ver outras fotos e receitas do sensacional Sul da França. A Côte D'Azur também deu ao mundo o topless e a bouillabaisse, não é pouca coisa. Quem anda por lá pode ver bandeiras da Catalunha em algumas cidades, em Marseille, principalmente. Aliás, o ratatouille tem um quê de península ibérica, não?

Ratatouille
Ingredientes:
1 berinjela grande
1 pimentão vermelho e/ou amarelo
2 cebolas médias
2 dentes de alho esmagado
2 abobrinhas
2 a 3 tomates
tomilho
sal e pimenta

Modo de preparo
Corte os legumes grosseiramente e refogue-os em fogo alto, até que dourem, e tempere. Reúna-os numa panela e deixe cozinhar em fogo brando, com o tomilho, até que estejam macios. (Também é possível refogar cada legume separadamente e juntar o tomilho e outras ervas, se preferir, desde o começo). Caso precise, junte um pouco de água (ou um caldo) ao cozinhar. O ultimo cozimento pode ser feito no forno, a 180°C. Ajuste o tempo de cozimento e o tamanho de corte dos legumes conforme seu gosto : legumes em pedaços pequenos cozinham mais rapidamente.

Pausa para admirar a beleza do Rio

Lagoa Rodrigo de Freitas, sábado, final da tarde. E é de graça, silensioso e não tem tumulto.

Pastel de queijo minas, tomate e alecrim

Pastel de massa pronta, gente. No domingo, antes da final de Flamengo e Botafogo, e da vitória do escrete rubro-negro, comemos pastéis de queijo minas, tomatinho cereja e alecrim aqui em casa. É só misturar estes três ingredientes, fechar e fritar. Simples assim, rápido e gostoso. E quando você rompe a massa e o cheirinho do alecrim toma conta do ambiente? Hummmm... delícia.

7.5.07

Ratatouille



Ando um pouco ocupada com o trabalho, mas, enquanto isso, divirta-se com o trailler deste desenho suuuuuper legal, que tem um rato simpático, um aprendiz de chef de cozinha e Paris!


Não perca!

3.5.07

Costeletas de cordeiro em crocante de ervas


Mais uma receita deliciosa que aprendi no curso de Roberta Sudbrack: costeleta de cordeiro em crocante de ervas e batatinhas assadas com sálvia. É o ponto alto do jantar!

Ingredientes (para 8 pessoas)
16 costeletas de cordeiro
ervas frescas picadas
pão cortado em pequenos cubos (aliás, minúsculos cubos. E quanto mais velho for o pão, melhor)
azeite de oliva
manteiga
ovo batido
pimenta do reino moída na hora
flor de sal
sal

Modo de preparo
Misture os cubiunhos de pão com as ervas frescas. Limpe as costeletas e bata cada uma entre dois sacos plásticos, até que estejam bem finos. Tempere com sal e pimenta, passe no ovo batido e em seguida nos cubinhos de pão. Frite em mistura de azeite e manteiga até que estejam bem dourados. Escorra bem em papel absorvente e sirva com flor de sal.

Batatinhas assadas com sálvia
Descasque as batatinhas (ou não), coloque num tabuleiro com azeite, manteiga e sálvia. Tempere com sal e pimenta e asse em forno pré-aquecido a 180 graus, revirando sempre, até ficarem bem douradas.

Panelas, meditação, cozinha e alma

A única coisa que eu não gosto no livro "Meditando na Cozinha - crônicas & receitas", de Sônia Hirsch, é o gerúndio do título. O resto é só alegria. Sônia escreve de um jeito simples e acerta o ponto exato ao falar da beleza do ato de cozinhar. É de ler numa sentada. Só um trechinho interessante, sobre panelas mineiras (olha os mineiros aí de novo), meditação, cozinha e alma:

"Os japoneses têm longa tradição tanto na arte de meditar quanto na de lidar com vegetais, produzindo lindos pratos a partir das formas, cores e texturas que oferecem ao paladar. Têm também as melhores facas e tábuas, e uma infinidade de utensílios impensáveis antes e indispensáveis depois - pequenos raladores para gengibre, descascadores, peneiras de bambu, colheres, espátulas, pinças, recipientes para cozinhar no vapor - enfim, a boa loja de produtos japoneses é a disneilândia da cozinha.

Agora, no tocante a panelas, sejamos Brasil: as de pedra-sabão, mineiras, são imbatíveis. Feitas de uma coisa completamente natural, pedra, curada no forno com outra coisa completamente natural, óleo. Pesadas. Não pode lavar com detergente porque entranha, só sabão e esponja. Em compensação, nenhuma outra panela vai refogar cebolas no azeite com tanta ternura quanto a de pedra: devagar, cozinhando cada partícula de cebola até deixá-la doce e transparente, e se continuar fica dourada e vira manteiga de cebola, uma coisa maravilhosa para passar no pão. (Não rende, ponha no mínimo dez cebolas.)

Importantíssimo no ritual da cozinha: não perturbá-la batendo colheres na boca das panelas, fazer tudo silenciosamente. A leveza ao pousar a tampa no bule ensaia a leveza da vida. Mexer uma panela prestando atenção é igual a desenhar uma mandala, faz efeito no ser inteiro.

Comida e alma se dão muito bem. Cozinhar pode ser uma prática tão rica em significados e insights quanto qualquer outra. Além de acalmar a mente, como toda meditação que se preza."


2.5.07

Le Louis XV




Na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo (veja o link abaixo), nosso digníssimo DOM, do Alex Atala, subiu 12 posições do ano passado (está em 38) para este e é o único representante brasileiro no escrete. Como observei que o Le Loius XV, de Alain Ducasse, aparece em oitavo lugar, resolvi postar aqui a foto do restaurante, que tirei quando estive em Mônaco, em 2005, só a título de curiosidade. Claaaaro que meus pezinhos não pisaram lá dentro, óbvio. Só tem bala para isso quem frequenta aquele cassino ao lado (na última foto) . Ah, a segunda foto é a vista de Mônaco, da estrada. Lindinha, mas para poucos.
http://www.theworlds50best.com/2007_list.html

Coxinhas de frango

A velha e boa coxinha, idolatrada por dez entre dez gringos que passam diariamente pela Torre do Barão, o boteco do meu quintal, em Ipanema. Nunca fiz coxinha na minha vida, acho que fazer salgadinhos deve dar um trabaaaaaalho... A coxinha foi inventada no Brasil, e diz a lenda que Dom João VI caiu de amores por esta jóia. Não passava um dia sem devorar algumas. Achei uma receita num site, se quiser, vá lá. Em breve, falarei sobre a melhor empada do mundo, que, para minha sorte, é feita bem aqui ao lado, em Copacabana. Aguarde.
http://tudogostoso.uol.com.br/receita/1363-coxinha-pratica-deliciosa.html

Tiramisú aux fraises - receita

Até que enfim, até que enfim! Oremos, pessoal! A prima Cleusa finalmente mandou a receita que eu tanto esperava daquele maravilhoso tiramisú de morangos. A foto está logo ali embaixo, confira lá. E a receita vai agora mesmo:

Para 6 a 8 pessoas
Preparação: 30 minutos + 2 horas de geladeira

Ingredientes:
250 g de queijo mascarpone
4 ovos
50 g de açúcar
20/30 biscoitos champagne
800 g de morangos frescos médios
Rum - o quanto quiser

Modo de preparo
1. Bata no liquidificador 100g de morangos, junte rum a gosto e um pouco de água, a ponto de poder molhar os biscoitos
2. Prepare uma travessa com os biscoitos embebidos na mistura e os outros morangos cortados em rodelas
3. Misture as gemas com o açúcar e bata até ficar um creme esbranquiçado
4. Adicione o mascarpone e misture até que o creme fique homogêneo
5. Bata as claras em neve, adicione ao creme delicadamente (obs: não bata! mexa delicadamente!)
6. Despeje o creme na travessa e pronto. Decore com moranguinhos ou como desejar.
7. Deixe na geladeira por, pelo menos, 2 horas.