29.9.07

O peru de Chico Caruso


Plena madrugada, Chico Caruso no Sindicato do Chopp de Ipanema. Boteco fechando, cadeiras em cima da mesa e ele sentado na janela, filosofando sobre qualquer coisa que não me lembro. O homem ao lado chegou gritando "Chico! Sou seu fã". E minutos depois estavam os dois, ídolo e fã, cantando músicas de Nat King Cole, Frank Sinatra e mais não me lembro - o álcool, o álcool... O sujeito cantava num 'embromation' perfeito e, melhor, imitando as vozes dos cantores, com o auxílio luxuoso de Chico. Cenas de botequim -aliás, acho que estas historinhas valem outra série... Enquanto não faço, fique com mais um capítulo das entrevistinhas, agora, com mestre Chico, que gentilmente falou ao Anastácia, por email.

Qual é o melhor prato para desenhar?
Peru.


Que comida você desejaria que o presidente Lula engolisse?
Lula en su tinta.

A melhor bebida para dividir com os amigos.
Campari com gelo e limão siciliano.


Um prato que é a cara do FHC.
Bouillabaisse.


Uma refeição inesquecível.
Maniçoba de Feira de Santana.


O melhor restaurante onde já comeu.
Delírio Tropical, no bairro do Cabula, em Salvador.

24.9.07

A 'Baixa' Cadeg




A Cadeg, Companhia de Abastecimento do Estado da Guanabara, como o próprio nome sugere, é um mercadão gigantesco, com centenas de lojas. Imagino que, de madrugada, aquilo seja uma loucura. Caminhões entrando e saindo, feirantes e supermercados se abastecendo, gente gritando, andando para cima e para baixo. Mas fui conhecer a Cadeg no sábado à tarde, quando as lojas estão fechadas e rola uma tradicional festa portuguesa, ao ar livre. É sensacional. Os mais frescos devem achar que a Cadeg não está instalada num lugar muito aprazível (em Benfica, na Zona Norte, perto do pavilhão de São Cristóvão e de um monte de favelas). Mas isso não importa. A única coisa que interessa é ver portugueses exilados no Rio (todos vascaínos, claro) dançando músicas típicas a tarde toda, comer sardinha e bacalhau na brasa a preços baixíssimos, tomar cerveja de garrafa na mesa de plástico e ainda sair de lá com sacolinhas cheias de embutidos da terrinha. Dá uma olhada no bacalhau e na sardinha. Humm... delícia.

Cadeg
Rua Capitão Féliz, 110, Benfica
A festa portuguesa começa cedo, antes do meio dia, e acaba lá pelas 17 horas.

20.9.07

Fernando Morais e a Farofa de Bunda de Tanajura

Gostei da brincadeira. E ela começou bem. Este blog inaugura uma série de pequenas entrevistas, para quem entende ou não de comida, com quem gosta ou não de comida. Não espero que sejam muitas, espero que sejam poucas e boas. O escritor Fernando Morais abre alas. Aos bons entendidos, só meias palavras: Olga, Chatô, A Ilha, O Mago. Jornalista da categoria dos mineiros, mineiro de categoria, minêro mês, mineirim, que foi menino lá no interior de Minas. Em Mariana, terra sob a qual está a Mina da Passagem, a maior do mundo aberta à visitação. O Anastácia perguntou e Fernando respondeu, por email, ouro puro.

A melhor bebida para acompanhar o charuto.
Rum añejo. Se não tiver, conhaque.

O melhor restaurante em que já comeu.
O “Buraco da Gia”, que fica no município de Goiana, entre Recife e João Pessoa, na beira da estrada (Rua Padre Batalha, 100 – Goiana – PE). É um mocozinho de nada, mas JK, Gilberto Freyre, Miguel Arraes e Assis Chateaubriand não saíam de lá. Faz o melhor ensopado de guaiamum ao molho de coco do mundo.

Chateaubriand de bistrô francês ou pollo asado de paladar cubano?
Chateaubriand de bistrô francês e pollo asado de paladar cubano. Quem tem colesterol baixo, como eu, pode se dar a ambos luxos.

O animal mais estranho que você já engoliu.
Quando era menino, no interior de Minas, comi muita farofa de bunda de tanajura, ou içá, como dizem os paulistas – uma formigona alada, de traseiro preto que só aparece depois de tempestades tropicais. Muito bom. Anos atrás comi cachorro num restaurante coreano em Caracas, Venezuela. Desde então tenho olhado pro Juca e pro Chico, meus pastores alemães, com outros olhos.

Um prato inesquecível.
Ragu de rabada desfiada com risoto de açafrão feito pela dona Firmina, também conhecida como dona Firmeza, comissária do povo para os assuntos gastronômicos da minha casa.


Qual o molho preferido da sua barba?
Sei que pode parecer uma frescura sem tamanho, mas um bom sauce bérnaise é, esse sim, de babar na barba.

19.9.07

O Prato do Dia de Tiça Magalhães


Tiça Magalhães tem a vida que muita gente pediu a Deus. A moça já conheceu mais de 40 países, trabalhou em hotéis e restaurantes no Havaí, lavou barcos na Califórnia, desbravou o Japão, a Polinésia e as Ilhas Fiji atrás de novidades gastronômicas, esteve na África, e no México. Hoje é 'personal cook' (você vai saber o que é isso) e lança livros de receitas práticas que fazem o maior sucesso.

No próximo sábado, dia 22, às 15:30, Tiça vai lançar, durante a Bienal do Livro no Rio, a terceira edição de "Prato do dia" - que já teve um filho, aliás, o "Prato do dia 2". Vai preparar, ao vivo e a cores na Bienal, algumas receitas do livro, cujo objetivo é oferecer ao leitor opções rápidas e práticas. O Anastácia perguntou e a Tiça respondeu, por email. Depois, uma receita do livro, um camarão rápido e fácil, como ela gosta.

1. O que faz um personal cook?
Dá aula particular. Ensina tudo que a pessoa quer aprender, na casa dela.

2. Alta gastronomia ou comida de boteco?
As duas coisas. Depende do lugar, com quem e em que momento. Só não gosto da comida pesada, com muito óleo, creme de leite, excesso de gordura. Gosto de ervas e bons caldos para darem o sabor especial.

3. O país de culinária mais marcante.
Tenho sangue italiano e adorei o Oriente, Indonésia, Japão, China, Tailândia e Havaí, lugares que possuem o que chamamos de comida oriental. Estive 9 vezes na Indonésia, 2 no Japão e 1 na China. E morei 5 anos no Havaí.

3. Um prato inesquecível.
King Crab do Alaska com molho de manteiga queimada e batata assada no forno com casca e manteiga e ervas.

4. Qual é seu instrumento preferido na cozinha? E o indispensável?
Boas panelas e frigideiras, colheres de pau chinesas de bambu ou de polietileno brancas.

6. Por que fazer um livro de pratos rápidos?
Porque no mundo de hoje as pessoas não tem muito tempo a perder, tem que ser simples, fácil, rápidas e com um toque de sofisticação e uma boa pitada de amor.

Camarão Mauii, de Tiça Magalhães

- Pegue 10 a 12 camarões grandes. Limpe bem e deixe só o rabinho. Salpique um pouco de sal.
- Em um prato, coloque 5 claras mal batidas, em outro, coloque 1 pacote de coco radado.
- Passe o camarão na clara e depois no coco ralado, para empanar bem.
- Depois, é só fritar na frigideira com bastante óleo. Até dourar.
- Retire e sirva com abacaxi grelhado e um bom arroz ao curry.


O Peixe Vivo





Eu namorava o Peixe Vivo havia um tempão. Passava em frente de vez em quando, sempre pensando que poderia ser mais um bom restaurante de CCC - já falei sobre a Comida Carioca de Combate? Como diz um amigo, é a melhor herança que nossos patrícios deixaram no Rio: comida boa, farta e barata. Enfim, resolvi conhecer o tal Peixe Vivo. De fato, bom restaurante de CCC, mas embora a foto sugira um delicioso "Vatapá baiano" (que estava mais para caldeirada de frutos do mar), não é bem assim. Os ingredientes não eram de primeira (o que, no caso de frutos do mar, dá até um certo medo) e o prato não estava saboroso. Comi tudo? Sim, claro. Não estava intragável, mas me senti enganada. Cadê o sabor destes frutos do mar que estão no meu prato?! O garçom esbanjava simpatia, o lugar é agradável - uma espécie de varandão envidraçado acima do nível da calçada, na Toneleros, uma rua bonita e arborizada de Copacabana -, mas a comida, definitivamente, não convenceu. Enquanto traçava meus frutos do mar, fiquei de olho no "bichinho" que o garçom foi mostrar para meus vizinhos... será que eles conseguiriam estragar aquela maravilha? O vatapá grande sai por R$ 62,00 e alimenta muito bem de três a quatro pessoas.

O Peixe Vivo
Rua Tonelero, 76
2255-9225

17.9.07

Meirelles, Saramago e Farta Brutus

O diretor Fernando Meirelles, em seu blog sensacional onde vem descrevendo a realização de seu novo filme, "Ensaio sobre a cegueira", registrou, num texto super legal, o encontro que teve com José Saramago num restaurante em Lisboa. Vale a pena:

"Farta Brutos. Que nome.

Cheguei às 22h30 e fiquei em uma mesa de canto comendo tremoço e aguardando o José Saramago e sua mulher, Pilar, que chegariam a qualquer momento, vindos de uma noite de autógrafos com Mário Soares.

O Farta Brutos é um dos restaurantes predileto de Saramago em Lisboa. O casal mora em Lanzaroti, uma ilha muito árida na Espanha, mas como estavam de passagem pela cidade justamente quando eu voltava de Pequim, resolvi fazer um pit-stop para encontrá-lo e ainda passar um dia na “Terrinha”, aonde nunca tinha estado. Para esse encontro vieram também o Don McKellar, roteirista, e o produtor, NivFishman, diretamente de Toronto.

O restaurante é um lugar muito pequeno, fica na Cidade Velha e tem umas sete ou oito mesas tocadas pelo casal de proprietários. Nas paredes, muitas fotos de gente conhecida e evidentemente muitas imagens do próprio Saramago. Ao chegar, ele cumprimentou os proprietários com a intimidade de alguém de casa. Tentou, mas não pediu os pratos: o dono do restaurante foi simplesmente mandando para a mesa o que achava que deveríamos experimentar. Não parava de chegar comida. (...)"

Se quiser ler o resto, clique aqui. Vale a pena:
O endereço de O Farta Brutus:
Tv. da Espera, 20
Lisboa

Traiteurs de France





Descobri sem querer este pedacinho da França em Copacabana, este fim de semana. O lugar se chama Traiteurs de France e, na frente, é uma boulangerie, com pães, doces e bolos maravilhosos. As mesinhas são assim, ó, com desenhos da Torre Eiffel e outras atrações turísticas da segunda cidade mais linda do mundo - já falei várias vezes que o Rio é a campeã, né? O bolo da foto é de laranja, molhadíssimo, delicioso. Atrás fica o restaurante de culinária francesa, óbvio, mas (ainda) não posso falar sobre ele. O que andei lendo é que serve boa comida a preços mais acessíveis que a maioria dos franceses do Rio. Voltarei, voltarei.

Traiteurs de France
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 386, lojas B/C, Copacabana, 2548-6440